Pesquisa feita na FHAJ atesta comprometimento no olfato e no paladar provocado pela Covid-19 

O estudo tem o apoio do Governo do Amazonas

Em Manaus, resultados obtidos por meio de uma pesquisa científica demonstraram que pacientes que tiveram sintomas leves de Covid-19 e de outras doenças gripais apresentaram persistência de sintomas inflamatórios com comprometimento do olfato e do paladar. Os dados integram um projeto liderado pelo médico o e doutor em Biotecnologia, Diego de Carvalho, que atende e realiza cirurgias no setor de otorrinolaringologia da Fundação Hospital Adriano Jorge (FHAJ), unidade vinculada à Secretaria de Estado da Saúde (SES-AM).

A pesquisa é apoiada pelo Governo do Amazonas, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). Inicialmente foram recrutados 205 pacientes, desses 185 concluíram a etapa de testes do estudo. O resultado apontou que 81,8% (ou 135 em números absolutos) apresentaram sintomas de anosmia, caracterizada pela perda temporária total ou parcial do olfato. 

Já 64,3% de todas as pessoas que integraram a pesquisa foram confirmadas com infecção por SARS-CoV-2, vírus causador da Covid-19. A fase de testes do estudo foi conduzida na FHAJ. 

Segundo o coordenador do projeto, os dados encontrados fornecem informações necessárias para auxiliar no tratamento de pacientes acometidos pelo vírus.  

“Os resultados desta pesquisa contribuem para o melhor entendimento dos sintomas nasais persistentes provocados pela infecção leve causada por Covid-19, incluindo a disfunção olfatória, e também auxiliam no estabelecimento de melhores estratégias de manejo desses pacientes”, ressaltou Diego de Carvalho. 

Vale destacar que alguns pacientes analisados na pesquisa também apresentaram outros sinais associados com a disfunção olfativa. Entre os sintomas identificados estão a perda do paladar, encontrada em mais de 59% dos pacientes que participaram do estudo.  

Além disso, 49 pacientes relataram ter hipogeusia, caracterizada pela interferência da capacidade de sentir o gosto da comida e outras especificidades de sabor, como alimentos doces e salgados.

Interferência no sono e ansiedade

Dadoscoletados peloestudo, e publicados em artigo científico, também comprovaram o prejuízo na qualidade do sono e sinais de ansiedade em pacientes com sintomas leves de Covid-19 analisados na pesquisa. 

Em números, no âmbito do projeto, 77,4% das pessoas indicaram ter um grave comprometimento na qualidade do sono. O estudo também demonstrou que 76,6% dos participantes com testes positivos para síndromes gripais, incluindo a covid-19, relataram ter indicativos de fortes sintomas de ansiedade.  

A FHAJ

A FHAJ é referência na produção científica e treinamento de novos profissionais da saúde, por também ser hospital de ensino com programa de cinco especialidades de residências médicas. O diretor-presidente da unidade, médico Ayllon Menezes, afirmou que o ensino e a pesquisa é uma das prioridades da gestão do hospital.

“A Fundação Hospital Adriano Jorge tem o compromisso com ensino e pesquisa. Nosso papel, além de prestar atendimento médico, é oferecer condições para o desenvolvimento científico no Amazonas. A medicina é aliada da ciência e os profissionais da FHAJ estão preparados para utilizar esse conhecimento em favor dos pacientes”, afirmou.

Metodologia

Os participantes incluídos no estudo estavam fora do período de transmissão de doenças respiratórias, são maiores de 18 anos e apresentavam queixa de disfunção olfativa. A coleta de dados foi feita por meio de um questionário seguido de uma avaliação olfativa no Serviço de Otorrinolaringologia da Fundação Hospital Adriano Jorge. 

Para averiguar a existência e/ou o grau de comprometimento do olfato, foram realizadas coleta de amostras da mucosa nasal para análise microscópica, além de testes com quatro tipos de aromas, sendo estes cafés solúvel e granulado, menta e canela. Cada essência foi isolada em um frasco descartável com uma tampa.  

O paciente foi então solicitado a manter os olhos fechados e o frasco foi levado a aproximadamente 5 cm das narinas do participante. Depois, o paciente foi instruído a cheirar a essência por 30 segundos, e o teste foi avaliado com base no número de acertos.  

O reconhecimento de duas das três essências foi considerado como normal, sem o comprometimento do olfato. Já a identificação de apenas um aroma como hiposmia, ou seja, a diminuição da capacidade olfativa. Por sua vez, se nenhuma das essências fosse reconhecida, o paciente era considerado como portador de anosmia. 

Equipe

Ao todo, cerca de 30 pesquisadores integram o grupo que participa do estudo, entre os quais, médicos otorrinolaringologistas, neurologistas, infectologistas, estatísticos e patologistas. Os participantes do projeto são vinculados a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) , a FHAJ, a Fundação Centro de Controle de Oncologia (Fcecon), ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e a Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FHM-HVD).  

A fase de coleta do estudo já foi concluída, e o projeto tem previsão de ser finalizado totalmente ainda em 2023. 

Apoio Fapeam

Intitulado, “Ciliar-CoV: estudo das mudanças da mucosa ciliar nasal em portadores de transtornos olfativos agudos na cidade de Manaus durante o estado de emergência na saúde pela pandemia de Covid-19/SARS-CoV-2”, o projeto é apoiado pela Fapeam, via o edital Nº 006/2020 do Programa CT&I nas Emergências de Saúde Pública no Amazonas – Chamada II – Áreas Prioritárias.

TEXTO: Tiago Auzier/ ASSCOM FAPEAM

FOTOS: Érico Xavier/Decon-Fapeam


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