Professor de medicina da UEA será o primeiro otorrinolaringologista honoris causa da América Latina

Com extensa formação acadêmica, mais de 200 publicações científicas e 15 livros no currículo, o professor do curso superior de medicina da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), João Bosco Botelho, 62 anos, será o primeiro médico otorrinolaringologista da América Latina a ser titulado doutor honoris causa. A honraria será atribuída pelo governo francês, em junho, em virtude da atuação relevante e dos serviços prestados pelo profissional amazonense.

Especializado em cirurgias de cabeça e pescoço, além de possuir diplomas de doutorado, pós-doutorado e livre-docência, Botelho desenvolve, atualmente, em conjunto com alunos da UEA e da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), pesquisa premiada internacionalmente sobre bócios (aumento da glândula de tireóide) amazônicos. Ele também chefia o Departamento de Ensino Pesquisa da Fundação Adriano Jorge (FHAJ).

Na avaliação do professor, o reconhecimento do título honoris causa, em nível internacional, poderá impulsionar o cenário da medicina acadêmica local, ao fortalecer a comunidade científica do Estado. Esse título pode representar maior agregação e entusiasmo de estudantes da área. Apesar de ser uma atribuição individual, isso é fruto de um trabalho coletivo, defende.

Botelho, que construiu a carreira com apoio predominante de entidades públicas de ensino, afirma que a estrutura da rede de saúde mantida pelo Governo do Amazonas também cumprem papel relevante na conquista do título. Considero ter uma dívida com o Poder Público porque nunca gastei um tostão. Sou um produto do investimento do Estado na formação de valores, o que me dá certeza de que preciso continuar esse legado na UEA e no Adriano Jorge.

Atuação

Entre os principais trabalhos feitos na UEA, onde ministrou a aula inaugural do curso de medicina, em 2001, João Bosco Botelho orientou estudo (em curso) produzido no laboratório de biotecnologia da instituição sobre a genética de bócios amazônicos. Identificamos em portador de bócio de grande volume que o problema não foi ocasionado só pela falta de iodo e, por isso, ganhamos um prêmio na Suíça, lembra.

Na FHAJ hospital-escola mais procurado da região Norte que recebe cerca de 800 estudantes de universidades públicas e privadas anualmente , o professor liderou o processo de implantação, em parceria com universidades francesas, do programa de residência médica em otorrinolaringologia. A modalidade também foi levada ao Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV) e outra unidade de saúde privada.

Currículo

 

João Bosco Lopes Botelho é natural de Manaus, Amazonas. Graduou-se em medicina, em 1972, pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Fez doutorado em otorrinolaringologia e cirurgia cérvico-facial na Universidade de Paris VI Pierre et Marie Curie, em 1981, e pós-doutorado na Universidade de Paris VII Denis Diderot. Em 1999 obteve a livre-docência na Faculdade de Medicina de Valença, sendo o único do Estado com esse tipo de diploma.

É professor titular aposentado orientador dos programas de mestrado e doutorado em Biotecnologia da Ufam. Ao longo da carreira, acumula diversas premiações, entre as quais a Medalha da Universidade do Porto; Medalha Frans Escher da Sociedade Suíça de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial; e Prêmio da Sociedade Francesa de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial.

O amazonense foi o responsável pela criação da denominada incisão de Botelho, técnica elaborada para procedimentos cirúrgicos da glândula tireóide, que mudou, mundialmente, a abordagem cirúrgica dos bócios de grande volume, comum nos países com área bociogênica, especialmente, no interior do Amazonas.

 


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